Quem avança este ponto de vista é Adriano Nuvunga, activista e antigo coordenador do Fórum de Monitoria e Orçamento (FMO), uma entidade que congrega diversas organizações da sociedade civil.
A FMO apresentou vários recursos na justiça sul-africana, procurando inviabilizar a extradição de Manuel Chang para Moçambique, defendendo a sua transferência para a jurisdição norte-americana.
“O mais importante é o significado político da vitória da justiça perante a impunidade”, indicou Nuvunga.
Considerado como a “chave” no caso das dívidas ocultas, Chang enfrentou, na África do Sul, sem julgamento, dois pedidos concorrenciais dos Estados Unidos e de Moçambique para a sua extradição do país.
“Manuel Chang era poderoso e intocável, mas hoje está a ir para a América”, enfatizou o activista social e director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento.
Ele apelou à justiça dos Estados Unidos para assegurar que o julgamento do antigo ministro chegue aos “mandantes” deste caso e aos contornos que levaram à dissipação do dinheiro angariado no esquema.
Apontou que casos como este são uma das razões para o “sofrimento” dos moçambicanos, acrescentando que os activistas da sociedade civil que lutaram para conseguir a extradição de Chang para os Estados Unidos estiveram sujeitos a “ameaças e intimidação”.
A Lusa dá conta de o antigo ministro das Finanças de Moçambique ter sido já entregue a agentes norte-americanos, em Joanesburgo, e extraditado em jacto particular para o Pais do Tio Samuel.
Chrispin Phiri, porta-voz do ministério sul-africano da Justiça, disse que “o ministério da Justiça pode confirmar que o senhor Manuel Chang foi entregue às agências da lei dos Estados Unidos da América, onde se espera que seja julgado por uma variedade de assuntos relacionados com fraude, entre outros”.
As autoridades norte-americanas alegam que Chang conspirou com banqueiros do Credit Suisse e promotores internacionais para endividar Moçambique em projectos marítimos, como a compra de uma frota contra a pirataria marítima, que acabaram por nunca se concretizar.
Moçambique contraiu empréstimos de quase dois mil milhões de dólares norte-americanos para projectos marítimos, mas não os reportou aos parceiros internacionais, nem os reflectiu nas contas públicas, tendo resultado num `default` que atirou o país para uma crise económica e financeira.